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24
Mai/19

Gervásio Lima: Violência desenfreada

“Pecuarista é raptado e após três dias é encontrado morto com requintes de crueldade. Acusados foram presos e com eles foram apreendidos duas espingardas e uma pistola”. Este fatídico acontecimento chamou a atenção de autoridades policiais e da população baiana pelo modus operandi utilizado para cometer o crime, a brutalidade e a frieza dos bandidos. A vítima foi um pai de família, trabalhador e que por cerca de uma década confiou ao seu vaqueiro, principal suspeita em arquitetar e participar do crime, os serviços de sua propriedade.
A cada dia acontecem diversos casos de violência no Brasil. A banalização daquilo que é ruim, que faz mal e que até mesmo mata é preocupante. O brasileiro tem dado sinais claros de egoísmo, onde o que importa é apenas a sua defesa pessoal. Quem está em sua volta que se vire, dê seus pulos.
A prática e a incitação da discórdia têm colocado o país em sinal de alerta. Impressionantemente, pela primeira vez, na história das eleições democráticas após golpe militar, se disseminou tanto ódio e mentiras. Amigos se tornaram inimigos, familiares brigaram entre si e os diferentes ideologicamente chegaram a matar seus potenciais oponentes.
Quando a sociedade mais precisa de apaziguamento atitudes irresponsáveis, por parte dos que detêm o papel de garantir a ordem ou criar situações legais para evitar ou banir a violência, são comumente. Discutir posse e porte de armas de fogo neste momento tão atribulado é no mínimo insensato, o cúmulo do absurdo. Arma remete à violência e à morte.
Em um manifesto publicado em 2016, 57 pesquisadores de instituições públicas e privadas de ensino e pesquisa no Brasil e no exterior (entre eles: Robson Sávio Reis Souza - Doutor em Ciências Sociais, coordenador do Núcleo de Estudos Sociopolíticos da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais e Edward J. Laurance - PhD em Relações Internacionais, professor e Gordon Paul Smith Chair no Middlebury Institute of International Studies at Monterey nos Estados Unidos), defenderam a manutenção do Estatuto do Desarmamento brasileiro. Eles afirmaram que o intuito do documento é “informar a sociedade sobre as evidências científicas disponíveis” sobre o tema, e que “o relaxamento da atual legislação sobre o controle do acesso às armas de fogo implicará mais mortes e ainda mais insegurança”. Eles citaram uma série de pesquisas que embasam seus posicionamentos. Já os principais estudos que contabilizam e analisam homicídios no Brasil: ‘Mapa da Violência’, ‘Atlas da Violência’ e o ‘Anuário Brasileiro da Segurança Pública’, também indicam que mais armas em circulação se relacionam a mais homicídios.
O ditame que se faz urgente é a humanização das relações sociais. Vida pela vida.

Gervásio Lima
Jornalista e historiador
Colunista do Sigi Vilares

Fonte: Blog do Sigi Vilares/Colunistas
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