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Mai/17

Pr. Adejarlan Ramos: A sedução das novas espiritualidades

Seu sorriso encantador, as tranças fluindo de seus cabelos e sua frases de efeito fizeram dele uma pessoa conhecida e frequentemente citada.

A recente vinda ao Brasil do líder indiano Sri Sri Ravi Shankar, considerado um dos homens mais influentes da Índia e indicado ao prêmio Nobel da Paz, levanta questões sobre a Nova Espiritualidade.  Ravi Shankar embora viva em Bangalore, sul da Índia, afirma-se que sua residência é o mundo, devido as suas frequentes viagens propondo uma sociedade sem estresse e violência, curada por técnicas de respiração poderosas, meditação e yoga. Foi para isso que criou a instituição humanitária Arte de Viver, presente em mais de 150 países. É autor de 13 livros, graduado em Literatura védica e a sua presença em lugares de conflitos e obstruções de diálogos, faz com que ele onde vá, atraia multidões.    

Seu suposto caráter misterioso já começa pelos seus títulos. Seu nome é Sri Sri Ravi Shankar. A expressão Sri significa respeito, reverencia, ou senhorio. Assim a expressão Sri Sri (expressão colocada anterior ao seu nome) significa Reverenciado reverenciado que poderia ser utilizado da seguinte forma “Sua adoração, o Reverenciado Reverenciado Ravi Shankar. Ele é um grande expoente da chamada Nova Espiritualidade. Mas afinal, porque as chamadas Novas Espiritualidades seduzem tanto?
      
A globalização - O fenômeno da globalização é uma realidade que foi se tornando possível graças a vários fatores como: grandes cidades, agencias do governo e corporações globais, maior mobilidade social, cultura popular, avanço das tecnologias e o surgimento da internet, entre outros.

As implicações deste processo foram a intensificação de pluralidades de ideias que circulam e interagem de uma forma nunca vista. É assim que, enquanto o secularismo avança pelo ocidente, principalmente na elite culta, por outro lado há o ressurgimento de tradições religiosas tidas como orientais, no mundo globalizado.
    
A pós modernidade abre as portas para novas espiritualidades ao afirmar que se na modernidade Deus e os deuses não estavam mais presentes, (se alguma vez estiveram, dizem eles) mas que agora estão e quase representada por líderes e ideologias que lutam por justiça social, igualdade e meio ambiente.

O que é a Nova Espiritualidade - A espiritualidade pode ser definida como uma "propensão humana a buscar significado para a vida por meio de conceitos que transcendem o tangível, à procura de um sentido de conexão com algo maior que si próprio". A Nova Espiritualidade seria então a busca da espiritualidade por novos caminhos, quase sempre rompendo com o tido como tradicional. A Nova Espiritualidade é a universalização dos conceitos religiosos que conduz e impõe o sincretismo religioso, propondo assim um novo tempo para a humanidade.

Podemos afirmar que a Nova Espiritualidade foi concebida nos 60 com as profundas mudanças sociais e culturais principalmente nos EUA, caracterizado pela rejeição da autoridade e normas sexuais e valores tidos como cristãos, especialmente no mundo ocidental. Esta geração passou a ser chamada por muitos de “geração eu”. Era uma revolução tida como contracultural.

É dentro deste contexto social que surge a busca por uma nova espiritualidade. Era uma espiritualidade alternativa, tida por muitos como uma viagem magica e misteriosa. Esta busca se acentuou na década de 90 pela espiritualidade proposta pela Nova Era como: meditação hindu, viagens astrais, mediunidade, ioga, animismo, etc. Assim, a espiritualidade chamada de oriental foi se ocidentalizando.
 
Elizabeth Lesser, citada por Ravi Zacharias no livro “Quem é Jesus?” (CPAD), resume a diferença entre a Antiga Espiritualidade e a Nova Espiritualidade. Ela mostra a diferença:

1. AUTORIDADE: Na “Antiga Espiritualidade”, a igreja detém a autoridade; na “Nova Espiritualidade”, o individuo que busca ser um adorador tem autoridade para determinar o que é melhor para ele.

2. ESPIRITUALIDADE: Na “Antiga Espiritualidade” Deus e a maneira de adorar já estão definidos e o adorador apenas segue as regras; Na “Nova Espiritualidade” , o adorador define o que é espiritualidade para si mesmo.

3. O CAMINHO PARA DEUS: Na “Antiga Espiritualidade” há apenas um caminho para Deus e todos os outros estão errados; na “Nova Espiritualidade há caminhos ou combinações de caminhos limitados que uma pessoa seguir... você pode fazer um colar religioso conforme o seus próprios gostos.

4. O SAGRADO: Na “ Antiga Espiritualidade”, parte do nosso ser são consideradas  malignas (corpo, o ego, algumas emoções) e devem ser negadas, transcendidas ou sublimadas; na “Nova Espiritualidade” toda e qualquer parte é aceita.

5.  A VERDADE: Na “Antiga Espiritualidade”, a verdade é conhecida e constante, conduzindo as mesmas respostas em todas as fases da vida; na “Nova Espiritualidade”, nós praticamente não chegamos perto da verdade, uma vez que ela está em constante mudança para acomodar nosso desenvolvimento.
    
Percebe-se não apenas a diferença da “Antiga Espiritualidade” da “Nova Espiritualidade” mas o distanciamento da “Nova Espiritualidade” dos postulados revelados nas Escrituras Sagradas (Jo.5.39).

Conceitos da Nova Espiritualidade -  A Nova Espiritualidade nada mais é do que o ressurgimento do paganismo oriental caracterizado pelo principio filosófico do Monismo. Dentre os vários elementos que caracterizam o monismo em sua expressão contemporânea podemos citar: Tudo é um e um é tudo (neste caso não há distinção entre Deus e o universo), a humanidade é um (energia cósmica), as religiões são um (são expressões de uma mesma realidade), só há um problema (ramificação da realidade em opostos como bem e mal) e há um só modo de fuga (entendimento espiritual e meditação)
Na realidade os conceitos da Nova Espiritualidade são sincréticos, que inclui tanto elementos espiritualistas até conceitos confundidos com os conceitos cristãos.

Para a Nova Espiritualidade Deus não é um ser pessoal, o homem é Deus (deificação do homem), esta deificação se concretizará por ocasião da Era de Aquarios quando a deificação do homem se concretizará, o homem é bom por natureza e dotado de potencial infinito e todas as religiões devem se unir.

O que a Biblia diz - Contrariando o que diz a Nova Espiritualidade, a Biblia diz que Deus é um ser pessoal ( Jo. 4.24; Mt. 6.9; I Tm. 1.17; I Tm. 2.5), o homem não é Deus ( Ez. 28.2,9; Nm. 23.19; Os. 11.9) , Deus não é o homem ( Is. 44.24), o homem é mau por natureza (Ef. 2.3; Rm. 3.23) e precisa da salvação provida por Deus ( Ef. 2.8 , 9).

Ainda a ideia de que o homem é dotado de potencial infinito é uma atitude egocêntrica e constitui no mesmo engano que incorreu o Diabo ( Is. 14.12-17). O homem foi criado por Deus ( Gn. 1.26).

Embora a Nova Espiritualidade ensine o ecumenismo, a Biblia ensina que só existem dois caminhos e que estes conduzem a dois fins opostos ( Mt. 7.13,14) e Jesus disse ser impossível servir a dois senhores ( Mt. 6.24) e que Ele é o único caminho que conduz ao Pai (Jo. 14.6).

Contrariando o que a Nova Espiritualidade ensina, que o problema básico da humanidade é a ramificação da realidade em dois opostos como bem e mal, a Biblia mostra-nos que o problema da humanidade é o pecado (Rm. 6.23; Is. 59.2; Ap. 20.12-15).

O céu não é o estado de nirvana e o inferno não é o que colhemos aqui na forma de carma negativo.. O céu e o inferno é uma realidade (Hb. 9.27; Mt. 25.41; Ap. 22.11-15; Fp. 3.20)

Jesus não é apenas um mestre iluminado. Jesus é o filho unigênito de Deus (Jo. 1.1-3), realizou milagres confirmando a sua deidade (Jo. 10.30-33; Mt. 11.4,5) e é o único Salvador e Senhor a quem se deve adorar (At. 4.12; Fp. 2.9-11).

Por que as pessoas são seduzidas para a Nova Espiritualidade? - A auto-deificação sempre foi uma velha mentira que seduziu o homem ( Gn. 3.5). Nos últimos anos, este ideal parece ter se tornado uma obsessão ( II Tm. 3.2). Isto inclusive será uma das marcas do Anticristo ( II Ts. 2.4)

A sedução também acontece por seus viés psicologista, que se passa por ares de cientificidade. O mundo moderno tem sido moldado pela psicologia e esta suposta cientificidade da Nova Espiritualidade atrai muitos.

Há também o elemento holístico em que ciência, medicina, psicologia, sociologia e educação ganham uma cor “espiritual” mas não no sentido bíblico.

Há também o vazio existencial humano. Perdido no emaranhado da complexidade pos moderna, o homem busca significado para a sua existência.

Tambem há a influencia de Satanas, que é o pai da mentira ( Jo. 8.44) e pode se transfigurar em anjos de luz ( II Cor. 11.14).

Como a Nova Espiritualidade se conecta com os jovens? - Todos podem estar suscetíveis aos encantos da Nova Espiritualidade mas parece que os jovens, pelo encantamento e idealismo próprio da juventude, parece que estão mais suscetíveis. Mas como isto acontece?

Em seu livro “O meu filho não” (CPAD), Linda Harvey, enumera vários fatores pelos quais isto acontece como: a independencia da juventude fora do domínio da família, o declínio do respeito pelo cristianismo bíblico, renovado interesse em práticas religiosas  além da popularidade de movimentos contra-cultural. É claro tudo isto interligado com outros fatores culturais e sociais.

A disseminação desta Nova Espiritualidade passa pelos nossos sistemas educacionais com as ideias de multiculturalismo e a cultura do entretenimento através de jogos, livros e a internet tão comum através dos vários dispositivos eletrônicos da atualidade.
    
Muitos jovens provenientes de lares desajustados e sentindo “solidão existencial” podem ser suscetíveis também à novos modelos de espiritualidades. Outros por estarem em uma fase idealista em que querem “mudar o mundo” se abrem à experiências novas, inclusive as religiosas.

Há também a mentalidade capitalista da sociedade em que tudo é descartável. Os jovens transferem isto para o aspecto religioso. As velhas experiências religiosas podem ser substituídas por novas quando estas não atingem mais seus objetivos. Assim, pensam, por que não experimentar novos modelos?

Outra forma da Nova Espiritualidade se conectar com os jovens é através de movimentos sociais, especialmente movimentos ecológicos. As ideias monistas estão muito presentes em movimentos ecológicos e propõe se conectar através da espiritualidade com a “mãe natureza”.

Há também a motivação de liberdade. Pelo fato da permissividade social ser intensa nos dias atuais, alguns vêem a moralidade judaico- cristã como repressiva. Alguns “educadores” da atualidade estão afinados com este discurso e propagam que o individuo merece “ouvir o seu coração”.

O fator espiritualidade - O pensamento moderno tem feito grande esforço para validar qualquer tipo de expressão religiosa, para nivelar todas as formas de espiritualidade  existentes. Jesus, em seu dialogo com a samaritana, descreveu dois elementos essenciais em uma adoração válida: espiritualidade e verdade. ( Jo. 4.24).

Observando o exemplo dos profetas do AT, um culto meramente exterior é rejeitado ( Is. 1.11,12; Am. 5.21-23). Deus requer uma atitude interior ( Sl. 51.16,17).

Entretanto, a afirmação de Jesus à mulher samaritana não inclui apenas a espiritualidade mas também a verdade. Isto quer dizer que a espiritualidade para ser autentica tem que preencher certo requisitos que corresponde à realidade. Aqui está um elemento fundamental. A Biblia é a revelação de Deus ao homem (Jo.17.17; II Tm. 3.16). Ela representa de modo preciso os pensamentos e desejos de Deus que definem toda verdade absoluta. É o padrão objetivo, exato e fixo sobre o qual podemos definir verdades absolutas e criar juízos de valor. Isto inclui a espiritualidade ( Jo.7.38)

A pós modernidade tentando preencher o vácuo deixado pelo materialismo do século XIX , o fez através de um espiritualidade não bíblica, impregnada por elementos budistas, hindus e outras práticas anti-cristãs.

Qualquer espiritualidade que exclua Jesus é vã. Ninguem chega ao Pai se não for por Jesus ( Jo. 14.6) e quando falamos de Jesus, falamos de Jesus conforme revelado no NT. Algumas novas espiritualidades separam Jesus do Cristo, semelhante ao ensino herético do gnosticismo primitivo. Ver I Jo. 4.2,3.

Outro elemento estranho à verdadeira espiritualidade, a espiritualidade bíblica, é a espiritualidade sem o conhecimento real de Deus. Conhecimento religioso não é conhecimento real de Deus ( Jo. 4.22; At. 17.23).

Rituais e rótulos não garantem um conhecimento de Deus. Deus se revelou a Abraão, Moises e outros. Essa revelação alcançou o seu nível máximo em Cristo Jesus ( Jo. 1.14)
    
Ainda segundo as Escrituras não basta meditar para alcançar a verdadeira espiritualidade. A meditação da Nova Espiritualidade é no vácuo e busca o nirvana. A verdadeira meditação bíblica é aquela que tem Deus e sua Palavra como alvo e parâmetro ( Sl. 1.2. Is. 26.3; Sl. 143.5; Sl. 49.3; Sl. 119.97)

A singularidade de Jesus - Os cristãos ortodoxos acreditam que Jesus é o filho unigênito de Deus que se manifestou em carne humana. Mas alguns não creêm que Ele existiu ou aformam que Ele foi apenas um profeta (como os mulçumanos) ou um guru (como os hiduistas).

O cristianismo ortodoxo sempre apregoou a singularidade de Cristo. Por singularidade entendemos a qualidade de Cristo como único, que não tem correspondente.

A base da crença da singularidade de Cristo está nos documentos do NT que são plenamente confiáveis, tanto pela confiabilidade de seus manuscritos quanto pela confiabilidade e credibilidade de suas testemunhas ( os autores do NT).
    
A singularidade de Cristo se vê na sua natureza sobrenatural  como profecias ( Is. 53), concepção (Is. 7.14), vida ( At. 2.22), morte ( Lc. 23.34), ressurreição ( Jo. 2.19) e ascenção, (At. 1.10) , no seu caráter como virtudes, vida, ensinamentos (Mt. 5-7; Lc. 22.50; Mt. 9.36; Mt. 5.21 etc) e na sua superioridade tanto a Moises ( Dt. 18.15-19) quanto aos gurus hindus.
    
Cristo é superior aos ensinamentos da Nova Espiritualidade porque seus ensinos são baseados nas Escrituras (Jo. 5.39) enquanto grande parte dos ensinos dos gurus da Nova Espiritualidade são baseados em superstição, lendas, práticas ocultas, etc. , seus ensinos são baseados na cosmovisão teísta, são moralmente superiores ( I Jo. 3.17), o caminho para iluminação é superior ( Sl. 1.2) e seu ensino sobre a salvação é superior pois diferentemente da Nova Espiritualidade, seus ensinos são baseados na revelação bíblica ( Jo. 7.38; Lc. 24.44) e baseado na fé ( Ef. 2.8,9).
    
Assim, Jesus é singular em natureza, caráter, vida, ensinamentos e obras. Jesus é absolutamente singular entre todos os seres humanos que viveram!

Conclusão - Seguir a proposta da Nova Espiritualidade é submeter-se ao diabo e seu falso sistema, o qual deixa a pessoa espiritualmente incompleta. Seguir a proposta bíblica é o meio de chegar-se a Cristo e andar pelo caminho que conduz à plenitude (Fp. 3.8).

Pr. Adejarlan Ramos
Adejarlan Ramos
Assembleia de Deus em Barreiras
Colunista do Blog do Sigi Vilares 

Fonte:Blog do Sigi Vilares/Colunistas
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