A frase do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmando que o ministro Rui Costa (PT), da Casa Civil, é sua “Dilma de calças”, repercutiu, virou meme na internet ("fã ou hater?") e gerou comentários sobre a sucessão presidencial de 2026. Ele ainda afirmou ainda que o ministro não deixa que ninguém o engane, além de ser "competente", "trabalhador” e "cobrador".    

"Eu encontrei um cara para a Casa Civil que falei: 'É a minha Dilma de calças' […] Se ele percebe que alguém está dizendo o que não deve dizer, ele fala: 'Espera aí, vamos voltar a conversar'. Então eu estou com muita tranquilidade", disse Lula em um evento, na última sexta-feira (10). A comparação, defendida como um elogio pelos petistas, pode trazer mais camadas de recados implícitos e até algumas alfinetadas.  

De fato, Rui vem ganhando um poder impressionante e que gera ciumeira nos bastidores. Em seu histórico político, Lula também sempre gostou de fomentar disputas internas de poder propositalmente. O PT de São Paulo, que hoje trabalha para candidatura Haddad 2026 caso Lula não tente a reeleição, por exemplo, nunca engoliu a força que o PT baiano tem dentro da administração federal. Rui e o senador Jaques Wagner hoje fazem parte dos principais pilares do Palácio do Planalto. 

Assim como o petista baiano, a ex-presidente Dilma Rousseff também ocupou o cargo de ministra-chefe da Casa Civil durante os dois primeiros mandatos de Lula e, após oito anos, foi lançada pelo PT como candidata à Presidência da República. O fim dela, porém, foi melancólico: sofreu um impeachment em 2016 por problemas de articulação política. Esse, inclusive, foi um dos problemas que deixou a gestão Rui Costa na Bahia sob a mira de críticas.

Lula e Dilma também viveram uma relação controversa nos últimos 10 anos, apesar de nunca falarem sobre isso publicamente. A crônica política narra que, em determinado momento, o cacique chegou a sinalizar nos bastidores que ele deveria ter sido o candidato à Presidência em 2014 - e não ela, temendo o que estaria por vir. 

A verdade é que, após o impeachment, Dilma foi "escondida" pelo PT, que temia que a impopularidade dela respingasse em seus correligionários. Rui nunca sofreu um impeachment e saiu do governo com alta aprovação, mas muitos se questionam sobre qual seria o futuro político dele na Bahia se não tivesse virado ministro da Casa Civil...

Na manhã desta segunda-feira (12), o governador Jerônimo Rodrigues (PT) disse que a comparação do presidente não é uma “senha” para a sucessão de Lula em 2026: "Não, ele não quis dizer isso não. Eu acho que não. Mas eu acho que ele quis fazer um gesto de dizer o quanto é importante ter um ministro com a força, com a inteligência e com a capacidade que o Rui tem". Sigamos.