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Dez/21

Aliados ampliam pressão para Ciro Gomes desistir de candidatura após ação da PF

A operação da Polícia Federal que teve como um dos alvos Ciro Gomes levou pedetistas a irem às tribunas e às redes sociais em defesa de seu pré-candidato à Presidência, mas, nos bastidores, elevou a já considerável movimentação contrária à postulação do ex-ministro ao Palácio do Planalto.

A ação policial chegou em um mau momento da campanha, já que Ciro aparece em pesquisas de intenção de votos ou atrás ou em empate técnico com o ex-juiz Sergio Moro (Podemos), além de haver um clima hostil entre o candidato e parte da bancada federal na Câmara.

Em um indicativo simbólico, Ciro não compareceu à festa de confraternização de fim de ano da bancada de deputados federais, realizada em Brasília na noite desta terça-feira (14), na casa do deputado Mario Heringer (MG).

Boa parte da bancada prefere que o PDT não tenha candidato à Presidência e privilegie, na distribuição das verbas de campanha do partido, os candidatos à Câmara dos Deputados.

Há até um prazo estipulado informalmente para que a candidatura de Ciro decole para acima de 15% nas pesquisas de intenção de voto: março. Caso contrário, poderá haver uma debandada significativa. Pela pesquisa do Ipec divulgada nesta terça, o pedetista tem 5%.

Tradicionalmente não é usual haver grande oscilação de intenção de voto de candidatos já colocados nesse período da pré-campanha, o que, indicam parlamentares, significa que o prazo dado a Ciro internamente é, na verdade, um pretexto para a debandada já definida.

Pedetistas ouvidos pela Folha defendem, inclusive, que o partido integre a tentativa de formação de uma grande federação entre partidos de esquerda liderada pelo PT de Luiz Inácio Lula da Silva. A informação é confirmada por integrantes do PT.

As federações são uma novidade na legislação e têm o objetivo de aumentar as chances dos partidos que se unem de eleger bancadas mais fortes para a Câmara dos Deputados e Assembleias Legislativas.

Pelo atual sistema eleitoral, as cadeiras no Legislativo são distribuídas de acordo com o total de votos recebidos pelos partidos. A união em federação aumenta esse bolo de votos. Diferentemente da coligação, que está proibida, a federação exige que os partidos que a compõem atuem de forma unitária durante os quatro anos da legislatura.

O PDT da Câmara avalia que se ficar isolado por causa da candidatura de Ciro, vai ter um desempenho pífio na eleição de deputados. Hoje o partido tem 25 cadeiras. Integrantes da legenda que defendem o ingresso na federação das esquerdas argumentam, ainda, que a participação do PDT é fundamental para que o peso das siglas menores, unidas, faça frente ao do PT e evite uma hegemonia do partido de Lula na aliança.

Além do interesse eleitoral dos parlamentares —vários consideram suas chances mais expressivas sem Ciro na disputa—, na avaliação de alguns deles é fatal o peso de uma operação da PF em uma candidatura presidencial, ainda mais levando em conta o universo sem lei das redes sociais.

Por esse raciocínio, mesmo que haja uma saída por cima de Ciro em relação à investigação, o uso por adversários de material fora de contexto tem peso relevante na disputa.

O mau clima entre Ciro e a bancada federal tornou-se explícito após o pedetista se chocar publicamente com os parlamentares na votação da PEC dos Precatórios, no início de novembro.

Ele ameaçou nas redes sociais retirar o seu nome da disputa caso os deputados da sigla mantivessem o apoio majoritário à medida, prioridade do governo Jair Bolsonaro (PL) para vitaminar o Auxílio Brasil e tentar recuperar sua popularidade.

Nos bastidores, deputados do PDT afirmaram que Ciro sabia e havia concordado com a posição da bancada. A maior parte voltou atrás por pressão da cúpula do PDT e, no segundo turno da PEC, votou contra a medida.

Fonte:Política Livre
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