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Nov/21

Negacionismo de Lula sobre ditaduras impõe ‘vidraça extra’ ao PT nas eleições

As declarações de Luiz Inácio Lula da Silva sobre a reeleição do ditador Daniel Ortega, na Nicarágua, e as ações da polícia cubana para debelar protestos da oposição na Ilha trazem para o PT uma “vidraça” extra nas eleições de 2022. Além das explicações sobre os escândalos de corrupção, Lula poderá alvo de “pedradas” pelas posições a respeito de regimes autocratas latino-americanas.

Aliados do petista ficaram contrariados com as declarações de Lula ainda mais porque a defesa da democracia é o denominador comum das forças que se opõem a Jair Bolsonaro. A insatisfação, no entanto, não foi suficiente para que a maioria dos dirigentes do PSB, PSOL e até deputados do próprio PT ouvidos pela reportagem se pronunciassem abertamente. Todos, no entanto, avaliavam que o caso servirá de munição aos adversários na campanha.

Já na tarde desta terça-feira, 23, o ex-juiz Sérgio Moro (Podemos) compartilhou o vídeo da entrevista de Lula e escreveu em sua conta no Twitter: “É o PT com a ‘democracia’ de Ortega que queremos para o Brasil?!”

Foi em uma entrevista ao jornal espanhol El País que Lula comparou os 16 anos de governo de Ortega, na Nicarágua, ao tempo que a conservadora Angela Merkel lidera a Alemanha (desde 2005) ou que o socialista Felipe González dirigiu a Espanha (1982-1996). Confrontado em razão do paralelo entre um regime ditatorial (Ortega) e governos democráticos (Merkel e González), Lula lembrou das prisões de sete candidatos à Presidência oposicionistas e comparou esse fato – que ele condenou – à sua prisão por corrupção na Lava Jato.

O consenso entre os aliados de Lula é que o petista deu um “tiro no pé”, que sua fala “pegou muito mal”. Ao contrário de Cuba, que ainda goza de prestígio na esquerda, o regime da Nicarágua perdeu apoio após denúncias de perseguições a adversários. Na segunda-feira, foi detido Edgard Parrales, ex-embaixador da Nicarágua na Organização dos Estados Americanos (OEA). No total, é o 41º opositor encarcerado neste ano.

Fonte:Estadão
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