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25
Mar/21

Raul Monteiro: Do que depende a eventual candidatura de Roma ao governo


João Roma tomou posse como ministro da Cidadania no último dia 24 de fevereiro

Um mês após o deputado federal João Roma (Republicanos) ter assumido o Ministério da Cidadania, praticamente dissiparam-se as especulações de que seu rompimento com o ex-prefeito e presidente nacional do DEM, ACM Neto, não fora real. Mais do que isso, o nome de Roma passa a circular com força cada vez maior para uma eventual candidatura ao governo da Bahia, em 2022, representando o presidente da República na esteira do alargamento da distância com que Neto já se colocava em relação a Jair Bolsonaro como ponto de apoio no plano nacional para o lançamento do próprio nome à sucessão do governador Rui Costa (PT).

Dado o afastamento pessoal que Neto assumiu também de Roma, muitos, antecipadamente, acreditam que pode não restar alternativa ao ministro senão lançar-se à disputa em oposição ao ex-aliado, se assim Bolsonaro quiser, na hipótese de o presidente abrir mão ou não conseguir construir uma aliança com o democrata na Bahia. Não têm sido poucos os acenos que o ministro tem recebido neste sentido. Eles partem de seu partido, de aliados e de prefeitos, uma turma que adora correligionários em ministérios, mas também de colegas de equipe em Brasília para os quais a escolha de Bolsonaro por seu nome obedeceu ao propósito deliberado de projetá-lo para as eleições baianas.

No dia da posse, em 24 de fevereiro, não foram poucos os ministros que integram o núcleo duro do bolsonarismo que se aproximaram dele para dizer que abria-se ali uma oportunidade que Roma não deveria deixar passar, em alusão à possibilidade de obter apoio do presidente para concorrer ao governo da Bahia. Mas muito de uma eventual decisão de Roma neste sentido deverá passar por uma avaliação sobre a viabilidade da reeleição do próprio Bolsonaro, fundamental a que possa ser posteriormente amparado no caso de disputar e perder o governo da Bahia, e mesmo da perspectiva de um reentendimento, ao menos político, com o ex-prefeito de Salvador.

Reservado, do tipo que fala pouco e apenas o necessário, o ministro tem deixado claro à turma mais íntima que ainda não perdeu a esperança de uma reaproximação com o ex-aliado. Pessoalmente, tem evitado comentários ou posturas que acirrem os ânimos entre eles por achar que o tempo deve atuar atenuando o conflito e permitindo que retomem a relação. O problema é que Neto não dá mostras de pensar da mesma forma, provavelmente em decorrência do inconformismo que o domina desde a ida de Roma para o ministério, cuja assimilação como uma traição pode estar, na visão de alguns, porque exagerada, mais se consolidando do que diminuindo.

Entre aliados do ex-prefeito, não são poucos também aqueles que apostam num futuro acordo entre eles, senão no plano pessoal pelo menos em termos políticos. Contam que já viram Neto brigar com outros aliados, mas, com o passar do tempo e a cabeça fria, reconstruir pontes. Estão neste grupo aqueles para os quais seria o melhor caminho para o democrata. Segundo eles, tratar Roma como um inimigo pode dar ao ministro a justificativa perfeita para tomar uma atitude que talvez, no íntimo, ele não deseje: ao invés de empenhar-se pela construção de um entendimento entre o ex-prefeito e Bolsonaro, passar a trabalhar pela própria candidatura junto ao presidente.

* Artigo do editor Raul Monteiro publicado na edição de hoje da Tribuna.

Fonte:Do Política Livre
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