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Abr/25

Cidade alvo da PF tem R$ 144 mi em contratos com empresas sob suspeita

Cidade de Campo Formoso (BA), comandada por irmão de Elmar Nascimento, está na mira da Overclean por desvios em obras bancadas com emendas



A cidade de Campo Formoso (BA), que recentemente entrou na mira da Polícia Federal (PF), no âmbito da Operação Overclean, tem cerca de R$ 144 milhões em contratos, fechados desde 2021, com duas empresas que estão no centro da investigação da PF e outra que aparece em auditoria da Controladoria-Geral da União (CGU) que identificou potencial prejuízo de R$ 1,4 milhão em uma de suas obras.

As informações são do Portal da Transparência do município.

A Overclean, deflagrada no fim de 2024, apura supostos desvios milionários em obras bancadas com emendas. Um dos investigados, que fez o caso subir para o Supremo Tribunal Federal, é o deputado federal Elmar Nascimento (União Brasil-BA). O irmão do parlamentar, Elmo Nascimento, é o prefeito de Campo Formoso.

Uma das investigadas na operação, a Allpha Pavimentações, é responsável por contratos na cidade que somam R$ 64,7 milhões, contabilizando os aditivos – quando há alguma alteração no contrato, normalmente aumentando o valor a ser pago pelo serviço.

A Allpha tem como sócios Fábio e Alex Parente, ambos investigados na Overclean.

Dentre os serviços contratados com a Allpha por Campo Formoso, estão a pavimentação e manutenção de ruas do município e o fornecimento de insumos para a pavimentação de vias públicas.

A Larclean Saúde Ambiental é outra empresa dos irmãos Parentes que está na mira da PF. Ela possui apenas um contrato com Campo Formoso registrado na plataforma do município. Somando os aditivos, o valor chega a R$ 8,3 milhões, sendo que o montante inicial foi de R$ 2,8 milhões.

O contrato, que é de 2022, tinha o objetivo de adquirir serviços de sanitização, controle de pragas e combate ao mosquito da dengue em todas as áreas internas e externas dos prédios pertencentes ao município.

A terceira empresa, que mais lucrou em contratos com Campo Formoso, foi a Liga Engenharia. Apesar de não ser investigada na Overclean, a empresa já foi citada em uma auditoria da CGU que identificou um prejuízo milionário em uma obra de asfaltamento da empresa em Lagarto (SE).

Foram R$ 70,8 milhões em três contratos e seus aditivos, entre 2022 e 2024, para recapeamento asfáltico de vias do município e a construção de pátio de eventos.

Como mostrou a coluna, a Liga já recebeu cerca de R$ 74 milhões em emendas cuja rubrica ficou conhecida como “orçamento secreto”.

Overclean

A investigação teve início para apurar desvios em um contrato do Dnocs, mas expandiu seu foco após quebras de sigilo telemático e gravações ambientais que mostraram a atuação de um grupo de empresas em contratos milionários firmados com o governo federal e administrações estaduais e municipais.

Apesar de estar nas ruas há pouco tempo, a Overclean tem causado tensão entre políticos dado seu potencial em atingir padrinhos de emendas parlamentares que bancaram contratos milionários sob suspeita.

Como mostrou a coluna, uma citação ao deputado Elmar Nascimento (União Brasil) fez com que o caso subisse da 1ª instância da Justiça Federal para o STF.

Alex Parente foi alvo de uma ação da PF em 3 de dezembro de 2024. Foi quando a corporação abordou um avião em que ele se deslocava de Salvador para Brasília junto com Lucas Maciel Lobão Vieira, ex-coordenador do Dnocs na Bahia.

Com eles, foi encontrada o que a PF chamou de “contabilidade clandestina” do grupo. Em 10 de dezembro, sete dias após a apreensão dos documentos, a PF deflagrou a primeira fase da Overclean.

Defesa

A coluna entrou em contato com a cidade de Campo Formoso e com as empresas citadas na reportagem, mas não obteve resposta.

Fonte:METRÓPOLES
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